Depois de retirados, "heróis" do nuclear voltam para Fukushima
Os 50 técnicos que estavam lutando dia e noite na central nuclear, tentando evitar uma catástrofe maior, tiveram que sair do local devido à brusca alta do nível de radioatividade.Com a queda do índice de radioatividade, os homens voltaram a trabalhar.
Chamados de "heróis" ou "kamikazes do nuclear," os 50 funcinários da central de Fukushima Daiichi ou Fukushima 1, a 250 km a nordeste de Tóquio, voltaram a trabalhar, depois de terem sido retirados temporariamente nesta quarta-feira (22h em Brasília) . O motivo foi um brusco aumento da radioatividade que poderia ter uma grave consequência: o rompimento do vaso de confinamento do reator n° 3.
A retirada ocorreu após o governo anunciar que o vaso de confinamento do reator 3 está parcialmente danificado, enquanto a TV japonesa mostrava uma nuvem de fumaça branca sobre o complexo, um provável vazamento de vapor depois do estrago no vaso de confinamento.
Os técnicos foram transportados para um local seguro, onde permaneceram até a situação melhorar. O porta-voz do governo declarou que "o nível de radioatividade perto da entrada da central varia muito de hora em hora, e é muito nocivo para a saúde".
Missão impossível?
Mesmo vestidos com roupas de proteção e máscaras, os trabalhadores estão expostos a condições altamente perigosas e são comparados a mártires pelos japoneses. Eles vêm tentando injetar água do mar no reator para evitar um super aquecimento que, como consequência, poderia emanar nuvens radioativas perigosas para as populações locais. A empresa Tepco, gigante da eletricidade que explora a usina nuclear, anunciou que quinze dos seus "kamikazes" foram feridos.
Dos 800 técnicos que trabalham normalmente na central, somente estes 50 permanceram em seu interior, conscientes dos riscos que correm, mas dispostos a se sacrificar para tentar salvar o povo japonês de uma tragédia maior.
FONTE : AFI.
Na estrada para Fukushima não se vê vivalma. Há um painel que assinala a proibição de entrada na zona de exclusão de 30 quilómetros.
Só o pessoal que trabalha na central, de dia e de noite, está autorizado a passar para continuar a tentar arrefecer os reatores para evitar uma catástrofe de grandes proporções.
Desde a catástrofe de Chernobil que estes operários especializados são conhecidos como kamikazes, samurais ou mesmo exterminadores. Estão expostos a doses muito elevadas de radiação e muitos deles vão morrer, apesar de serem susbtituidos a cada 15 minutos, para a exposição não ser longa.
Na companhia Tepco, Eletricidade do Japão, ficaram 50 voluntários. Outros 20 juntaram-se ao grupo inicial para ajudar, com absoluto conhecimento do risco que correm.
A exposição às radiações está muito controlada e regulada.
Um milisievert ou miligrays para a população e 20 para os trabalhadores da central nuclear. As equipas de intervenção de urgência, podem ter de tolerar níveis até mil.
Nesse caso os efeitos são imediatos: queda de cabelo, náuseas, vómitos, queimaduras e desequilíbrio do sistema imunitario.
Ossos do oficio que estes kamikazes estão dispostos a assumir. Marc Faugeas, francês, é um deles. Trabalha na central de Dompierre:
“É parte do meu trabalho, da minha responsabilidade. É um risco assumido e conhecido. “
Essa é a principal diferença em relação aos trabalhadores de Chernobil, em 1986. Dezenas de milhares de homens foram enviados para o reator, que se tornou sepultura para muitos. Foram mal equipados e pouco ou nada informados dos riscos que corriam. Mikola foi um dos que escapou com vida:
“O general veio e disse: prefiro ter duas mil pessoas contaminadas se isso permite viver dois milhões de pessoas. Mandaram-nos trabalhar no reator, limpar destroços. Só metade da minha unidade sobreviveu.”
No Japão todos sabem que só se pode evitar uma catástrofe maior com a ajuda destes trabalhadores anónimos.
Entre eles há um homem de 59 anos que estava a um ano e meio da reforma. A filha enviou-lhe uma mensagem emocionada, pelo twitter, numa página dedicada às vítimas do sismo.
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