ALINNE MORAES, A LILI DE “ O ASTRO”, PODE SER LINDA. FAMOSA E BEM SUCEDIDA, MAS NÃO PERDE SUAS RAÍZES SIMPLES DE SOROCABA. GOSTA DE ANDAR DE METRÔ, DOS BARES DA LAPA E DE COMPRAR NA SAARA.
TEXTO: GUILHERME ESCARPA.
A dona está demais, assim como nos versos da música de Chico Buarque que dá o título a está reportagem, Aline Moraes já começou a balançar os cabides e fazer as persianas se enroscarem por causa da Lili, a cobiçada manicure da penha que não tem vergonha de seu suburbano coração na novela “O Astro”. Mas a última visita, quanto tempo faz? “ Para o público, talvez eu ainda esteja associada a Luciana de “Viver a Vida”, mas me livrei dela há muito tempo”, jura ela, que encarnou a modelo tetraplégica ano passado.
Acostumada a interpretar mulheres bem vestidas e supermaquiadas, hoje a atriz não leva nem 10 minutos para se preparar e está adorando mudar do vinho para a água, voltando ás origens, “ Quando sai de Sorocaba (SP) e me mudei para o Rio, tinha 17 anos e fui morar no Méier. Fiquei sei meses lá. Ia para o Projac de ônibus”, lembra ela, que não precisou fazer laboratório para compor personagem. “ Eu sei fazer unha, sempre fiz as minhas, as das minhas amigas. Eu vi uns vídeos da Elizabeth(Savalla, que interpretou sua personagem na primeira versão da novela em 1978). Naquela época uma mulher de atitude usava uma calça com a cintura mais alta para dar um ar de seriedade. Mas a suburbana de hoje, que mora na Penha, usa calça da Gang, cabelão solto, vestidinho curto e é sensual”, define Alinne.
A única dificuldade que essa paulistana confessa enfrentar é em relação ao sotaque. “Faço fono (audiologia) há anos é um problema. Preciso pegar o jeito malandro, bem carioca. Quem tem ajudado nisso é o Humberto (Martins), que faz o meu cunhado, o Neco. Busquei o mesmo estilo dele. Comecei a ouvir uns pagodes. Até andei de metrô, coisa que não fazia a anos”, revela Alinne, que por conta da fama, precisou se privar desse meio de transporte. “Imagina, se eu der autógrafo e tirar fotos com todo mundo, vou acabar me atrasando, levando um dia inteiro”, diz.
Por isso mesmo que, quando quer ir a algum lugar bem movimentado, Alinne precisa montar um disfarce. “Não gosto de chamar desse jeito. Mas uma vez eu queria ir a Rua da Alfândega comprar umas coisinhas de festa infantil e botei óculos de grau, o cabelo para dentro do boné. Consegui andar com calma, parar em todas as lojas. Afinal de contas, eu sou uma pessoa normal, também deixo o carro parado no estacionamento”, argumenta ela.
Mas, apesar de a conta bancária ter dado um salto e a popularidade estar em alta, à atriz jura que não renega suas origens. “Quando vou gravar na Penha ou no metrô, sinto uma nostalgia. O subúrbio tem um pouco de Sorocaba, a coisa de você botar as cadeiras na calçada, conversar com a vizinha. Lembro-me de quando fui fotografar no Japão. Eu estava com febre, nevava, e usava minha bota de Sorocaba, com a sola já quase abrindo. Não tenho vergonha disso. Tem gente que quer abafar esse passado”, compara Alinne.
Na contramão das celebridades que se expõem aos flashes na badalação da Rua Dias Ferreira, no Leblon, a atriz revela que prefere circular por outros bairros. “Gosto da Lapa, de Santa Teresa, as pessoas são mais alternativas, gosto de transitar, observá-las. Fazem muito mais parte da minha energia e núcleo de amigos. O Leblon é muito vitrine”, desdenha ela, que tenta levar uma vida mais discreta, mas nem sempre consegue. “Eu fotografo desde os 12 anos. Se vejo uma lente, eu me posiciono. Não consigo ser atriz e fingir que não tem uma câmera ali. Prefiro ser de verdade. Se eu só tiver mentiras, vou transformar minha arte numa”, avalia ela.
Embora tente se preservar ao máximo, Alinne uma adepta da conversa olho no olho, não se esquiva de comentar o início do namoro com Felipe Simão, ex de Luana Piovani, noticia que reverberou no último Carnaval. “Não ficou nada complicado, não vivo de fofocas. Nenhum problema encontrar a Luana” assegura. “Fazemos até balé juntas”.
Domingo 17 de Julho de 2011.
Fonte: Jornal O Dia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário