Contou-nos, certa feita, um amigo que fazia negócios com produtos agropecuários, que, viajando por fazendas no interior do Nordeste Brasileiro, uma vez, a convite do proprietário de uma dessas fazendas visitadas, pernoitou na casa grande, como era chamada, aproveitando o tempo disponível para melhor fazer a exposição dos seus produtos e tornar-se mais conhecido na região.
À noite, após jantar com a família do fazendeiro, foi chamado a se juntar na porta da casa, com todos em volta de uma fogueira feita de madeiras imprestáveis, quase sempre de restos de cerca ou de tocos de roçados, onde compareceram também alguns trabalhadores rurais, para contar casos que lhe chegavam aos ouvidos, vindos de toda parte.
Um desses casos que mais chamou a atennção do nosso amigo foi sobre um indivíduo que dirigia um jeep modelo 1945, por uma estrada carroçável, lá por aquelas bandas, em uma tarde chuvosa, trazendo no interior do veículo a mulher e três filhos menores, quando faltou gasolina no meio da estrada.
O motorista, com aquele chapéu de alumínio, tipo capacete de empresa de mineração, resolveu sair do carro para esfriar a cabeça de taNta aporrinhação da mulher e dos filhos, que queriam voltar para casa antes do amanhecer, quando avistou um padre, de cor branca, aparentando cinquenta e poucos anos, montado em um jumento, vindo em sua direção.
Segurando as rédeas do animal, o padre perguntou ao indivíduo junto do jeep o que tinha acontecido com o mesmo, tendo sido informado de que havia faltado gasolina no carro. Então o sacerdote, com sotaque italiano, perguntou ao sujeito se ele tinha fé e o homem respondeu ao padre que tinha fé, mas não tiinha gasolina. O vigário, com ar de respeito, falou com energia ao motorista: "Olha, rapaz, se você tivesse fé, meteria seu chapéu em uma das poças junto do carro, depois, colocaria o líquido no tanque do veículo e ia embora com sua família.
Ouvindo isso, o motorista, tomado por um inexplicável sentimento, olhou para o padre, tirou o capacete da cabeça e, em seguida, indo em direção à poça mais próxima, mergulhou o capacete; vindo depois até o carro, tirou a tampa do tanque de combustível e derramou no interior do mesmo todo o líquido que tinha trazido no capacete e, depois, entrou no carro, ligou o motor, deu partida, deu adeus ao vigário e foi-se embora com a família.
O velho sacerdote, diante do que acabava de presenciar, completamente estarrecido, desabafou, em alto e bom som: "vá ter tanta fé assim na gruta do funil!"
É a fé, meus caros irmãos. A questão é ter ou não ter. Quem tem fé, segue em frente, como o motorista deste conto ilustrativo, que foi ouvido pelo amigo acima citado.
Jesus nos ensina, em Seus Evangelhos, basta que tenhamos fé do tamanho de uma semente de mostarda, a menor de todas as sementes, para que nos fosse possível transportar uma montanha de um lugar para o ou não é verdade?
Que possamos iniciar o Novo Ano com tante fé, esperança e caridade em nossos ações, com muito amor aos nossos semelhantes eis o que desejamos, fraternalmente.
Ramon Cerqueira Coelho - Jornal Espírita
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